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Esportes

05/11/2020 às 03h00 - atualizada em 04/11/2020 às 19h56

Redação Portal Boas Novas

Carapicuíba / SP

Natália diz que Olimpíadas podem ser despedida da seleção
Em entrevista ao podcast Rumo ao Pódio, a capitã da seleção brasileira de vôlei reclama da sequência "desumana" de jogos
Natália diz que Olimpíadas podem ser despedida da seleção
Natália saca em jogo do Dínamo Moscou, na Rússia — Foto: Divulgação

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ampeã olímpica em 2012 e eliminada nos Jogos do Rio 2016 nas quartas de final, a capitã da seleção brasileira de vôlei Natália diz que as Olimpíadas de Tóquio, adiadas para o ano que vem, podem ser as últimas de sua carreira. Há 15 anos vestindo a camisa do Brasil e sempre sendo destaque nos times nacionais e internacionais pelos quais passou, a ponteira de 31 anos diz que o corpo já não aguenta a sequência de jogos e competições imposta por clubes e seleção.


- Meu futuro na seleção, depois de Tóquio, é incerto. Vou estar com 32 anos, ano que vem, e estou nessa batida há muito tempo. Fica complicado. O corpo começa a pedir... Já tenho alguns problemas no ombro, no joelho, então se eu quiser sobreviver no clube por mais um tempo, não sei se aguento mais seleção – afirma Natália ao podcast Rumo ao Pódio, do ge.


Na entrevista concedida ao Rumo ao Pódio, além de seleção brasileira e Olimpíadas, Natália ainda falou de Superliga, da revelação Ana Cristina, do Flamengo, da amizade com Gabi e Camila Brait, e contou histórias e curiosidades da sua ida e da vida na Rússia.


"DESUMANO"


Desde agosto no Dínamo Moscou, Natália cobrou uma atenção maior da FIVB (Federação Internacional de Vôlei) em relação às atletas. Na entrevista ao Rumo ao Pódio, por diversas vezes a ponteira falou do seu amor em vestir a camisa do Brasil. Mas destacou que o grande número de jogos por clubes e seleção, durante a temporada, acaba prejudicando fisicamente as jogadoras.


- Para o telespectador, para o jornalismo, é muito bacana ter quatro ou cinco meses por ano de seleção brasileira, porque tem muito conteúdo, muito jogo para assistir. Se está jogando na China, mesmo com fuso-horário, o pessoal gosta de assistir e isso é bacana, a gente agradece aos fãs. Mas, para a gente, como jogadora, é quase desumano jogar todos esses campeonatos. Tem muita gente que critica a gente demais: “Pô, você vai para a seleção e está sempre machucada”. Eu falo: a gente não é máquina. Eu fui sempre titular nos clubes que passei até hoje, então você joga uma temporada inteira com dezenas e dezenas e dezenas de jogos no clube. Quando termina a temporada com o clube, às vezes não tem nem três dias e já vai se apresentar com a seleção. Uma semana no máximo para descansar e nosso corpo não aguenta - explica a capitã da seleção ao podcast do ge.


Bem antes dos problemas no ombro e no joelho, vale lembrar que Natália retirou um tumor da canela em 2011, cirurgia que lhe rendeu uma placa e quatro parafusos (já tirou um) na tíbia.


- Hoje estou com 31 anos e uma hora o corpo não aguenta. O problema que tive dois anos atrás com meu joelho foi ele falando: dá uma parada que não tô mais aguentando. Não é um ano assim, depois descansa outro. Estou assim desde os meus 16 anos. Jogando em seleção, clube, seleção, clube. Chega uma hora que o corpo começa a apitar. É complicado. Uma hora o corpo não aguenta. É muito fuso-horário. Ano que vem tem Liga das Nações e não sei como vão fazer. Estou aqui na Europa, na Rússia, e na Champions League, o principal campeonato aqui, a gente teve que jogar em Budapeste. E a gente demorou 20 horas ou mais para chegar de Moscou a Budapeste, porque não tem voo direto. Então dependendo como estiverem as coisas ano que vem, se não tiver vacina, vai ser muito complicado fazer. Estou no centro de tudo, e para sair de um país para o outro estou levando quase um dia. Imagine para sair do Brasil e ir para a China. A FIVB precisa repensar algumas coisas e pensar na saúde do atleta. Querendo ou não, sem atleta não tem campeonato, não tem jogo. Acham que a gente é máquina, depois fica reclamando que a gente se machuca. Os organizadores não pensam nos atletas, e nós somos o principal foco das competições. Deveriam pensar um pouco mais na gente e fazer algo mais saudável - conclui Natália.

FONTE: ge.globo

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